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Dr. Stéfano Gonçalves Jorge
INTRODUÇÃO
Hemangiomas são pequenos
tumores benignos formados por vasos sanguíneos enovelados. Surgem
durante a formação do embrião, antes do nascimento, podendo ocorrer
em diversos órgãos, entre eles a pele e o fígado. Manchas de
nascimento vermelhas normalmente são causadas por hemangiomas na pele.
Em geral, o hemangioma
permanece inalterado após o nascimento, podendo crescer mas raramente
causa algum sintoma, principalmente quando está localizado no fígado.
Lá, é encontrado geralmente ao acaso, por algum exame (ultrassonografia, tomografia ou ressonância) realizado por outro
motivo.

Os hemangiomas são os tumores
benignos do fígado mais comuns, geralmente encontrados em mulheres
jovens (pelas ecografias ginecológicas de rotina). Acometem de 0,4 a
7% de toda a população e são múltiplos (mais de um) e 70% dos
casos. Geralmente as lesões são pequenas, mas em 10% dos casos podem
ultrapassar 5 cm de diâmetro, sendo chamados de gigantes.
Sintomas são incomuns e,
mesmo nas pessoas com sintomas (dor abdominal, empachamento após
alimentação, febre, náuseas e vômitos), muitas tem outra doença (como dispepsia) e acabam descobrindo o hemangioma por acaso.
No entanto, se o hemangioma é
muito grande (alguns chegam a ocupar quase todo o fígado), há o
risco de que se rompa (após trauma, é raro que se rompa sozinho),
gerando hemorragia interna ou que forme coágulos no seu interior, que
consomem plaquetas e fatores da coagulação e provocam facilidade de
hemorragias em outros órgãos (síndrome de Kasabach-Merrit). Mas
mesmo nos hemangiomas gigantes os sintomas são incomuns e o mais comuns
são os causados por empurras outras estruturas como o estômago,
gerando saciedade precoce.
Relação
dos sintomas com o tamanho da lesão - Mayo
Clinic (1980-1987) |
Tamanho
(cm)
|
No.
De pacientes
|
Sintomas
(%)
|
<
4cm
|
29
|
4
(14)
|
4-10
cm
|
20
|
3
(15)
|
>10
cm
|
20
|
18
(90)
|
Total
|
69
|
25
|
A comprovação diagnóstica
se faz por exames de imagem. Na ultrassonografia, o aspecto típico é
de uma lesão arredondada, hiperecogênica (mais branca), com bordas
bem definidas e fluxo sanguíneo ao doppler. A tomografia mostra a
lesão captando contraste, geralmente de modo uniforme. A ressonância
nuclear magnética mostra uma lesão com hipersinal (mais branca) na
fase T2 e hipossinal (mais escuro) na fase T1.

Ultrassonografia
Apesar da lesão ser
tipicamente uniforme, o padrão de "enchimento" com o
contraste pode ajudar a diagnosticar o hemangioma e descartar a
possibilidade de câncer. Como um
novelo de vasos sanguíneos, o hemangioma torna-se completamente cheio
de contraste logo a pós a sua aplicação. Lesões menores
"enchem" rapidamente, enquanto que lesões maiores
"enchem" mais devagar a partir do centro, com a possibilidade
de "falhas de enchimento" causadas por trombose e focos de
fibrose.
  
Ressonância nuclear magnética do fígado mostrando hemangioma. À
esquerda, imagem em T2, mostrando lesão mais clara (seta) e à direita
em T1, mostrando imagem escura. "S" é o baço (spleen).
fonte
Outros exames diagnósticos
são a cintilografia com Tc99m e hemácias marcadas, a
arteriografia e a biópsia hepática. Em alguns casos duvidosos, exames
laboratoriais podem ajudar a distinguir hemangiomas de tumores
malignos. Mas geralmente o diagnóstico é feito com segurança com
apenas dois métodos de imagem, geralmente um deles o ultra-som.
Geralmente não é necessário
nenhum tratamento, apenas observação clínica com exames (geralmente
uma ultrassonografia anual ou a cada dois anos é suficiente).
Hemangiomas sintomáticos são incomuns, mas gigantes sintomáticos
podem exigir tratamento. As principais opções terapêuticas
são: ressecção cirúrgica, transplante hepático, ligadura da artéria
hepática, embolização, radioterapia e corticoterapia. A escolha do
tratamento dependerá de particularidades de cada caso e da experiência
e possibilidades do serviço.
As principais indicações
de tratamento são: sintomas, dúvida diagnóstica (em relação a
tumores malignos), lesões
superficiais maiores que 6cm (pelo risco de rompimento), anemia
hiperproliferativa e síndrome de Kasabach-Merrit (pelo consumo de
hemácias, plaquetas e fatores de coagulação no interior do hemangioma), rotura e crescimento rápido. O
tamanho do hemangioma, em si, não é indicação de tratamento.
As perspectivas do
hemangioma são ótimas. A maioria dos casos é descoberta ao acaso e a
pessoa permanece assintomática por toda a vida. Apenas uma minoria
necessita de tratamento, que geralmente é cirúrgico e com mortalidade
quase zero. Hemangiomas muito grandes podem ser tratados com
embolização (obstruindo-se a artéria que leva sangue para ele) com
graus variados de sucesso, mas com raras complicações.
 |
Esse texto se
refere a hemangiomas no fígado apenas. Para informações
sobre hemangiomas superficiais ou em outros órgãos, procure
a
ABRAPHEL |

Artigo
criado em: 02/10/05
Última revisão: 02/10/05
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